terça-feira, 27 de outubro de 2009

Serras da Desordem - o filme!



Serras da Desordem foi um soco no estômago”. Foi isso o que ouvi de um senhor ao fim do premiadíssimo filme de Andrea Tonacci. Fiquei pensando na expressão que significa algo que causa impacto, incomodo, dor.. e talvez ele tenha razão, a sensação de vivenciar o extremo do oposto me rendeu no mínimo horas de pensamentos sobre outra expressão teórica: “somos todos iguais?”

O documentário com cara de ficção, conta a história de um único índio que sobrevive depois de um massacre ordenado por fazendeiros. Carapirú é encontrado 10 anos depois, a mais de dois mil quilômetros de distância do lugar onde sua família foi assassinada. O sertanista Sydney Possuelo o leva para Brasília e entre reencontros familiares e adaptações à vida urbana, o índio nômade vira notícia na mídia e o foco principal de discussões antropológicas sobre sua origem.

Muito longe de ser um “
programa de índio”, o filme Serras da Desordem é um convite ao exercício da sensibilidade e da interpretação. Sem traduzir uma só palavra do Tupi Antigo falado por Carapirú, é possível compreender completamente o que sente, diz e pensa o índio carinhoso que foi acolhido pelas famílias em uma vila antes de ser encontrado pela FUNAI e que quando recebido em Brasília precisa andar vestido e usar o banheiro dentro de um apartamento. Todos os personagens são (re)vividos pelas pessoas que efetivamente participaram dos fatos, inclusive o índio Carapirú.

Sem um apelo comercial, o filme tem um ritmo alternativo e é preciso concentrar-se para viver uma experiência valiosa.

Indispensável para os interessados na multidisciplinaridade da comunicação,
Serras da Desordem não é um filme comum e isso não é clichê, não!

Alias, é um filme sem clichês... uma obra de arte, daquelas que você sente que mudou a forma como você vê alguma coisa.

A obra da arte!